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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

NÃO QUERO SER BAIANO - Por Elilson Nunes Cabral Filho Jornalista

Como ler este texto e não comentar nada? Poxa... Sempre tive muito orgulho da minha cidade... digo sempre q sou uma eterna turista, pq por mais q vá 20 vezes no pelourinho sempre olho pra cada coisinha com a admiração de uma criança ao chegar num mundo encantado... sim... pq é assim q eu vejo minha cidade... Ainda hj me arrepio toda vez q ouço o som dos atabaques e meu coração bate no ritmo do Olodum... mas confesso que em cada linha q li pude sentir cada sensação descrita e me emocionei muito... muito obrigada pelo reconhecimento... E são turistas como vc q nos dão orgulho e ansiedade pela espera do próximo retorno.


Pra quem não teve a oportunidade de ler segue anexo logo abaixo:


Meu nome é Elilson Cabral, sou de uma pequena cidade no interior do Rio Grande do Sul chamada Capão da Canoa e estava cansado de ouvir falar dos baianos e de sua “Vasta Cultura”. Não suportava mais ouvir nos veículos de comunicação o quanto a Bahia era perfeita, suas praias paradisíacas, seus artistas infindos. Cansei de ouvir: Baiano não nasce, estréia. Olhava pro rosto do povo Rio Grandense e via neles tanto ou mais “cultura” que nos baianos: a Bocha, a Milonga, a Guarânia, o chimarrão e não só as danças, ritmos ou indumentárias, mas toado sentimento que exalava do nosso cotidiano. “Cultura”, isso nós tínhamos, e tínhamos mais e melhor. Afinal, o que o mundo via na Bahia que não via em nós? Resolvi então descobri o que é que a Bahia tem. Tirei dois anos da minha vida para conhecer a Bahia e toda sua “Cultura”, para poder mostrar pra o Brasil que existimos e que somos tão bons quantos qualquer outro brasileiro. No dia 03 de outubro de 1999 desembarquei no aeroporto Luiz Eduardo Magalhães, e logo de cara, ao contrário de baianas com suas roupas pomposas e suas barracas de acarajé, dei de cara com um taxista mal humorado porque tinham lhe roubado o aparelho celular. Começava então minha árdua luta pra provar que baiano, como qualquer um outro brasileiro, nascia de um ventre e não de traz das cortinas. Alguns quilômetros à frente, já estava tentando arrancar do taxista as informações que pudessem servir de base para minhas teorias, afinal eu precisava preencher uma série de lacunas sobre os baianos e suas “baianices”. Seu Ivo, era como se chamava o simpático taxista, falava sem parar. Com uma voz de ritmo pausado e sem pressa para me explicar, ia ele contando-me toda história de Salvador e sua política: - Ah! Essa política é uma “fuleiragem”. É sempre eles nos roubando e a gente votando nos mesmo sacanas que nos roubam. Chamou-me a atenção como ele não media palavras para definir os seus governantes, mas, até então, nada na Bahia me encantara. Nada de magia, nada de beleza. Chegando ao hotel onde ficaria durante esse período fui então programar minhas estratégias e resolvi logo ir ao local mais badalado da Bahia, O Pelourinho. Chegando ao bairro, mais uma vez nada de surpresa. Casas antigas, pessoas e cabelos trançados, espichados, alisados, pintados, enfim, coisas da Bahia. Senti um cheiro muito forte de dendê (ao menos eu achava que era dendê), nunca sentira aroma igual. Então avistei numa varanda pequena uma senhora e duas crianças que brincavam de aprender a fazer acarajé. Parei e fiquei olhando tentando colher informações para meu “dossiê”. - Entra, seu moço! Foi o que logo ouvi. Meio sem jeito fui logo pra perto do fogão. O cheiro era cada vez mais forte e envolvente. - O senhor quer um? - Claro! Ia perder a oportunidade de comer a iguaria baiana mais famosa e poder dar meu parecer a respeito? Jamais. Dei a primeira mordida e senti-me como se tivesse numa fornalha. Aquilo queimava, ardia e... pasmem ! Era muito gostoso. Tentava parar de comer, mas quanto mais tentava, mais me lambuzada com aquele recheio que eles chamavam de VATAPÁ. Delicioso! Enfim a Bahia tem algo de bom, mais é isso que encanta na Bahia? Bem vou encurtar minha história para que vocês leitores dessa revista não fiquem entediados. Passei dois anos viajando por toda Bahia, suas praias paradisíacas, ouvindo e vendo seus artistas, e saboreando de sua cultura e consegui chegar a um denominador comum. Consegui alcançar o tanto procurava: Enfim, os baianos não são melhores que nós gaúchos. Na realidade somo até mais civilizados que eles, porém, uma coisa nesses dois anos me chamou a atenção. Vou dizer-lhes qual foi. Ao voltar para minha linda cidade no interior do Rio Grande do Sul senti-me como se estivesse pousado no meu planeta e logo escrevi um artigo pra uma revista falando da minha “descoberta”. Depois de publicada fique de bem comigo mesmo e com minha terra. Agora sim, estou leve. Agora sim? Ainda não! Passei os meus dias tentando entender porque sentia tanta falta da Bahia, porque sentia falta de meu vizinho Dorgival, do rapaz que passava vendendo sacolé, que eles chamam de ‘geladinho’, do João da barraca de água de coco, meu Deus porque esse vazio? Foi então que descobri o que é que a Bahia tem. Sem pretensão de ofender aos meus, digo-lhes que, jamais verei nos sorrisos gaúchos a beleza da sinceridade baiana. Jamais sentirei nas percussões de cá o pulsar dos meninos negros de pés descalços que “oloduavam” sem ter medo da dureza futura. Jamais terei no abraço de meus parentes o calor que sentia ao ser abraçado pela vendedora de cocada de araçá que toda tardinha teimava em insistir pra que eu comprasse mais uma. Jamais sentirei nos territórios daqui, o cheiro de dendê. Puxa, o dendê que nem mesmo sabia o seu cheiro e o reconheci assim, de pronto. Queridos conterrâneos, na nação de lá eles andam descalços, mesmo os adultos, e não é por não terem calçados. Eles gostam de viver assim. A chuva não é apenas suprimento e fartura, é diversão. Quantas vezes corri pela chuva com o André, filho de Dona Zete, seguindo o caminho que ela fazia no meio da calçada. Amigos, naquela nação os cabelos são como roupas, as roupas são como armas e as armas são os instrumentos que levam uma multidão para uma batalha que dura 7 dias e que sempre acaba em vitória para ambos os lados. Uma cabaça é motivo de festa, um fio de arame motivo pra luta (de capoeira), dois homens juntos é motivo pra samba, pagode, e festa. E, pasmem queridos patrícios, eles trabalham, e muito,! No tabuleiro de cocada, na frente de um volante, com uma baqueta nas mãos, trabalham sim. Não quero ser baiano! Sou gaúcho! Sou brasileiro! Mas nunca imaginei que conheceria um Brasil que jamais pensei achar, exatamente na Bahia, exatamente lá, do outro lado, na outra nação. Não quero me separar deles, não quero perder o direito de dizer que sou brasileiro e que tenho a Bahia como pedaço de mim. Não quero ser baiano, mas mesmo assim não consigo não ser. Jamais saberia que seria necessário ir à Bahia para conhecer o Brasil. Elilson Nunes Cabral Filho Jornalista 

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

ELA NÃO É ASSUMIDA

Estar numa relação lésbica quando a parceira ainda não se assumiu

Estar numa relação com uma parceira que ainda não se assumiu como lésbica pode ser um desafio. Tudo se torna mais difícil, nem que seja porque sempre que está em público com essa pessoa poderá sentir que existe um segredo que a envergonha. Separar a relação desse tipo de sentimento pode ser complicado. Lidar com a relutância da parceira em assumir-se pode ser também desgastante. Porém, para a outra pessoa não deixa de ser também um problema, pois o medo de se assumir e das consequências que isso pode ter na sua vida pode ser também preocupante, e um processo que terá de levar o seu tempo, pois terá de ocorrer sem pressão e quando a pessoa se sentir capaz de o fazer.

Timing


Cada mulher lésbica tem o seu timing para se assumir e nada diz que tem de ser mais ou menos rápida que o da sua parceira. Existem inúmeros fatores, desde o medo das pessoas que poderá perder, da recusa da sua família em aceitar, da sua religião, da sua comunidade, da vida profissional, da vida social... Tudo isto pode ser motivo da dificuldade em assumir-se. Para quem já se assumiu, é natural que veja a sociedade como ignorante e, de facto, a sociedade prefere naturalmente que quem seja diferente se mantenha a um canto calado sem levantar grandes ondas, para que ninguém se sinta desconfortável. Isto pode fazer com que muitas mulheres se mantenham no armário e prefiram não se assumir, quase como se não merecessem o mesmo tipo de felicidade que todos os outros.


O outro lado


Quando já não se “está no armário” deixa-se de sentir a culpa por algo que não se deve sentir culpa; na realidade até se torna algo para se celebrar. Neste caso, é mesmo difícil aceitar a parceira que está no lado quase oposto do que se sente, especialmente se está numa relação de compromisso, que significa que terá de a ocultar às pessoas que gostava de o expressar – aos olhos do mundo é apenas uma amiga ou uma colega. Por isso, ao estar bem com a sua homossexualidade, torna-se mais difícil lidar com a sua parceira. Afinal, só quando estão a sós é que parecem existir enquanto casal. Magoa quando quem nós amamos nos quer esconder do mundo.


Solução


Se sente que a sua situação é parecida com esta, então saiba que não há outro caminho que não seja a comunicação. Na realidade, devem considerar que independentemente do lado em que estão, ambas estão a lutar e a sofrer por isso. Perceba que é importante que ambas compreendam as duas posições e só conversando é que se pode obter isso. Encontrem soluções para lidarem com a relação e com os problemas que existem devido a ela. Se não compreende o que a sua parceira está a passar, pergunte-lhe sobre isso. A confiança é fundamental, é importante respeitar a posição da parceira, quer concorde ou não com ela. A sua parceira necessita de saber que pode confiar em si. Relativamente à pessoa que ainda não se assumiu, deve também compreender que assumir-se não foi fácil e que voltar um passo atrás também é complicado.

Ambas devem de ter uma dose muito grande de compreensão e tolerância. Devem saber respeitar a posição uma da outra e, acima de tudo, saberem respeitar-se, sabendo que ambas vão fazer esforços para que a relação funcione.
Porém, todas as mulheres que se querem assumir, só o devem fazer por si mesmas, e não devido a outras pessoas. Sejam uma equipa e lembrem-se sempre qual o motivo que as mantém juntas. Estar com alguém que ainda não se assumiu não tem de ser tão difícil, tentem aproveitar a relação e o amor de ambas.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

sábado, 19 de novembro de 2011

ORGULHO EM SER BAIANA


Já tinha visto um vídeo Heron Sena a algum tempo atrás... hj ao parar pra rever este vídeo vi acabei encontrando encontrando este daqui, uma critica aos "ditos superiores" que fica chamando o baiano de preguiçoso e denigrindo ou ao menos tentando denigrir a nossa imagem perante aos outros.


Sim... de uma forma bem engraçada podemos comprovar q não somos preguiçosos como vcs pintam, né?

Tô aproveitando o gancho de um texto divulgado no facebook de uma jornalista da globo q sentiu na pele uma certa descriminação, nas brincadeiras dos colegas de trabalho:


O insustentável preconceito do ser!

Era o admirável mundo novo! Recém-chegada de Salvador, vinha a convite de uma emissora de TV, para a qual já trabalhava como repórter. Solícitos, os colegas da redação paulistana se empenhavam em promover e indicar os melhores programas de lazer e cultura, onde eu abastecia a alma de prazer e o intelecto de novos conhecimentos.
Era o admirável mundo civilizado! Mentes abertas com alto nível de educação formal. No entanto, logo percebi o ruído no discurso:
- Recomendo um passeio pelo nosso "Central Park", disse um repórter. Mas evite ir ao Ibirapuera nos domingos, porque é uma baianada só!
-Então estarei em casa, repliquei ironicamente.
-Ai, desculpa, não quis te ofender. É força de expressão. Tô falando de um tipo de gente.
-A gente que ajudou a construir as ruas e pontes, e a levantar os prédios da capital paulista?
-Sim, quer dizer, não! Me refiro às pessoas mal-educadas, que falam alto e fazem "farofa" no parque.
-Desculpe, mas outro dia vi um paulistano que, silenciosamente, abriu a janela do carro e atirou uma caixa de sapatos.
-Não me leve a mal, não tenho preconceitos contra os baianos. Aliás, adoro a sua terra, seu jeito de falar....
De fato, percebo que não existe a intenção de magoar. São palavras ou expressões que , de tão arraigadas, passam despercebidas, mas carregam o flagelo do preconceito. Preconceito velado, o que é pior, porque não mostra a cara, não se assume como tal. Difícil combater um inimigo disfarçado.
Descobri que no Rio de Janeiro, a pecha recai sobre os "Paraíba", que, aliás, podem ser qualquer nordestino. Com ou sem a "Cabeça chata", outra denominação usada no Sudeste para quem nasce no Nordeste.
Na Bahia, a herança escravocrata até hoje reproduz gestos e palavras que segregam. Já testemunhei pessoas esfregando o dedo indicador no braço, para se referir a um negro, como se a cor do sujeito explicasse uma atitude censurável.
Numa das conversas que tive com a jornalista Miriam Leitão, ela comentava:
-O Brasil gosta de se imaginar como uma democracia racial, mas isso é uma ilusão. Nós temos uma marcha de carnaval, feita há 40 anos, cantada até hoje. E ela é terrível. Os brancos nunca pensam no que estão cantando. A letra diz o seguinte:
"O teu cabelo não nega, mulata
Porque és mulata na cor
Mas como a cor não pega, mulata
Mulata, quero o teu amor".
"É ofensivo", diz Miriam. Como a cor de alguém poderia contaminar, como se fosse doença? E as pessoas nunca percebem.
A expressão "pé na cozinha", para designar a ascendência africana, é a mais comum de todas, e também dita sem o menor constragimento. É o retorno à mentalidade escravocrata, reproduzindo as mazelas da senzala.
O cronista Rubem Alves publicou esta semana na Folha de São Paulo um artigo no qual ressalta:
"Palavras não são inocentes, elas são armas que os poderosos usam para ferir e dominar os fracos. Os brancos norte-americanos inventaram a palavra 'niger' para humilhar os negros. Criaram uma brincadeira que tinha um versinho assim:
'Eeny, meeny, miny, moe, catch a niger by the toe'...que quer dizer, agarre um crioulo pelo dedão do pé (aqui no Brasil, quando se quer diminuir um negro, usa-se a palavra crioulo).
Em denúncia a esse uso ofensivo da palavra , os negros cunharam o slogan 'black is beautiful'. Daí surgiu a linguagem politicamente correta. A regra fundamental dessa linguagem é nunca usar uma palavra que humilhe, discrimine ou zombe de alguém".
Será que na era Obama vão inventar "Pé na Presidência", para se referir aos negros e mulatos americanos de hoje?
A origem social é outro fator que gera comentários tidos como "inofensivos" , mas cruéis. A Nação que deveria se orgulhar de sua mobilidade social, é a mesma que o picha o próprio Presidente de torneiro mecânico, semi-analfabeto. Com relação aos empregados domésticos, já cheguei a ouvir:
- A minha "criadagem" não entra pelo elevador social !
E a complacência com relação aos chamamentos, insultos, por vezes humilhantes, dirigidos aos homossexuais ? Os termos bicha, bichona, frutinha, biba, "viado", maricona, boiola e uma infinidade de apelidos, despertam risadas. Quem se importa com o potencial ofensivo?
Mulher é rainha no dia oito de março. Quando se atreve a encarar o trânsito, e desagrada o código masculino, ouve frequentemente:
- Só podia ser mulher! Ei, dona Maria, seu lugar é no tanque!
Dependendo do tom do cabelo, demonstrações de desinformação ou falta de inteligência, são imediatamente imputadas a um certo tipo feminino:
-Só podia ser loira!
Se a forma de administrar o próprio dinheiro é poupar muito e gastar pouco:
- Só podia ser judeu!
A mesma superficialidade em abordar as características de um povo se aplica aos árabes. Aqui, todos eles viram turcos. Quem acumula quilos extras é motivo de chacota do tipo: rolha de poço, polpeta, almôndega, baleia ...
Gosto muito do provérbio bíblico, legado do Cristianismo: "O mal não é o que entra, mas o que sai da boca do homem".
Invoco também a doutrina da Física Quântica, que confere às palavras o poder de ratificar ou transformar a realidade. São partículas de energia tecendo as teias do comportamento humano.
A liberdade de escolha e a tolerância das diferenças resumem o Princípio da Igualdade, sem o qual nenhuma sociedade pode ser Sustentável.
O preconceito nas entrelinhas é perigoso, porque , em doses homeopáticas, reforça os estigmas e aprofunda os abismos entre os cidadãos. Revela a ignorancia e alimenta o monstro da maldade.
Até que um dia um trabalhador perde o emprego, se torna um alcóolatra, passa a viver nas ruas e amanhece carbonizado:
-Só podia ser mendigo!
No outro dia, o motim toma conta da prisão, a polícia invade, mata 111 detentos, e nem a canção do Caetano Veloso é capaz de comover:
-Só podia ser bandido!
Somos nós os responsáveis pela construção do ideal de civilidade aqui em São Paulo, no Rio, na Bahia, em qualquer lugar do mundo. É a consciência do valor de cada pessoa que eleva a raça humana e aflora o que temos de melhor para dizer uns aos outros.
PS: Fui ao Ibirapuera num domingo e encontrei vários conterrâneos.

Rosana Jatobá - jornalista, graduada em Direito e Jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, e mestranda em gestão e tecnologias ambientais da Universidade de São Paulo.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

quarta-feira, 9 de novembro de 2011